Prólogo - O despertar

Algo havia dado errado no projeto. A guerra havia acabado, mas todo o raio de devastação que atingiu o mundo foi muito alem do que as forças armadas poderiam prever. A área 57 onde ficava armazenado um dos vaults do projeto Éden fora destruída. Os profissionais responsáveis pelo armazenamento e despertar dos escolhidos haviam morrido com as radiações da bomba A. Todo o lugar ficara desolado e isolado pelo índice de radiação. Aos poucos todo o perímetro do deserto de Nevada ficara vazio e isolado pelo que restava dos militares americanos. Alguns sobreviventes eram mantidos em asilos de quarentena, impedidos a força de sair do local. Toda e qualquer tentativa de fuga era reagida com tiros e morte. No inicio a comida era enviada, para a sobrevivência deles.. mas aos poucos.. com os anos passando e eles se tornando um estorvo para um governo decadente, foram esquecidos e deixados de lado para a própria sobrevivência. As noticias que se tinham do mundo ainda eram a do total caos para os que ainda permaneciam vivos. Cidades eram devastadas, o ser humano regredia em comportamento e trazia de volta seu instinto primitivo. Caçavam uns aos outros, praticavam o canibalismo. A violência imperava e o poder pertencia aos mais fortes. Enquanto isso, a união do Triun Virato formado por Rússia, Japão e Coréia prosperava. Se tornavam uma potência, unida sob o comando de Mihail Vienovich, líder militar soviético que assumia a alcunha de Imperador de NeoEarth. O Triun eram os detentores da tecnologia. Com o passar dos anos formavam a Cidade Modelo. Um lugar onde o ar permanecia 100% puro. Água potável, luz e ausência de doenças. A Cidade Modelo era chamada por seus moradores de Jardins do Éden. Composto por uma população selecionada, com DNAs manipulados, era um exemplo de moralidade e taxa de violência quase zero. O exercito da cidade era formado por mechas. Grandes exoesqueletos ciborgues munidos com armas de alto calibre. São essas as maquinas que guardavam o perímetro da Cidade Modelo, e impediam as invasões dos povos que tentavam a todo custo usufluir das vantagens do lugar. Fora da cúpula dos Jardins do Éden todo o resto era destruição e miséria. Com o passar dos anos as zonas neutras foram delimitadas. Locais onde o Oxigênio beirava a inexistência, antros onde a escoria era atirada, o solo infértil na grande parte do planeta. Animais que já não eram como antes da grande explosão.
Na zona 57 os vaults continuavam em animação suspensa. O subsolo onde estavam armazenados fora protegido das explosões, haviam apenas restos mortais espalhados pelos andares superiores. Os corpos dos escolhidos permaneciam inanimados e afundados no liquido aminiotico que os mantinha em estagio de suspensão.

- Zona 57... pff hermano não deve ter nem mesmo um urt por aqui.. comida então deve ser algo que só vamos achar nos livros...
- Cala a boca Pablo.. as anotações do Dr. Cammel diz que os vaults estão por aqui.. e se existem os vaults, existe mantimento e remédio..

Pablo olhava ao redor enquanto descia com cuidado para o ultimo patamar da Área 57. O frio que fazia naquele lugar parecia querer congelar seus ossos. Com algum esforço e o uso de pés de cabra, conseguiam abrir a porta emperrada.

- Madre de Dios, Tony.. olha isso.. – Pablo olhava impressionado para as câmaras. Haviam 4 vaults em estado avariado espalhados pelo perimetro em salas diferentes, mas em funcionamento.. ele caminhava para perto dos vaults, vendo o liquido azul percorrer o corpo.. olhava os nomes escritos nas plaquetas de identificação.

- Abigail.. – Pablo olhava para o amigo. - pelos dados tem mais membros da equipe dela.. Zoe, Adam, Nathaniel...
- Eu sou a favor de abrirmos as dela e deixar os Zetropos ai.. – Tony ria enquanto olhava as estantes.. – Caralho como faz frio aqui!! Que inferno.
Pablo ria, deslizando a mão pelo vidro sujo e embaçado dos vaults.

- Si cabron.. pero deixar aqui quer dizer não pegar as chaves.. e não pegar as chaves quer dizer, perder algo importante.. vamos abrir..

Tony ria.. pegava o pé de cabra.. e seguia para perto dos vaults. Coçava o moicano branco e o rosto sujo de terra.

- Tudo bem.. tudo bem chicano.. vamos abrir. – Sem prévio aviso ele batia com o pé de cabra contra o vidro do painel. Sem resultado. O segundo golpe era dado ainda mais forte. De nada adiantava.. – Essa merda da emperrada porra.. – O pé de cabra era fincado contra a porta.. Pablo ainda tentara avisar e impedir que o amigo fizesse o movimento, mas era tarde. A descarga elétrica era dada e o pé de cabra servia como condutor. Tony não conseguia soltar o pé de cabra. O cheiro de carne assada espalhava-se pelo lugar em meio aos gritos do homem que sangrava pelas órbitas. Os olhos esbugalhados saltavam do rosto enquanto ele urinava-se. Já não haviam mais gritos apenas o corpo carbonizado que insistia em manter-se preso ao pé de cabra.. Pablo ainda gritava encostado na parede. Tinha medo de encostar no amigo e levar o choque por condução.

Pablo Herrera