Capsula nº 745-X 35 - Subsolo 7 - Zoe McCurdy

"- Tudo bem.. tudo bem chicano.. vamos abrir. – Sem prévio aviso ele batia com o pé de cabra contra o vidro do painel. Sem resultado. O segundo golpe era dado ainda mais forte. De nada adiantava.. – Essa merda da emperrada porra.. – O pé de cabra era fincado contra a porta.. Pablo ainda tentara avisar e impedir que o amigo fizesse o movimento, mas era tarde. A descarga elétrica era dada e o pé de cabra servia como condutor. Tony não conseguia soltar o pé de cabra. O cheiro de carne assada espalhava-se pelo lugar em meio aos gritos do homem que sangrava pelas órbitas. Os olhos esbugalhados saltavam do rosto enquanto ele urinava-se. Já não haviam mais gritos apenas o corpo carbonizado que insistia em manter-se preso ao pé de cabra.. Pablo ainda gritava encostado na parede. Tinha medo de encostar no amigo e levar o choque por condução."

O bip surdo começava a ser escutado quando lentamente as luzes iam voltando ao corredor. Iluminavam porcamente a entrada da porta metalica, entre os piscares da indecisão se mantinham tudo as escuras ou não. O liquido da capsula de Zoe começava a baixar, enquanto as leituras corporeas iam sendo feitas. Temperatura, pressão arterial, batimentos cardiacos, leitura cerebral.. pouco a pouco iam voltando ao paramento do tolerado. A respiração tinha um cuidado especial. As lufadas eram induzidas lentamente ministradas com berotec. Aos poucos os vapores da inalação eram liberados com os bronquios dilatadores. Restava na capsula o corpo coberto pela viscosidade do liquido azul.. e mais nada.

[O Dormir - Leitura dispensável]
#Lá estava ela presa naquela maldita cápsula. Porque tinha aceitado essa maluquisse? Pelo bem da humanidade, ah claro... Muito bom! Era um motivo nobre! Suas especialidades poderiam salvar o mundo quando despertasse! Aquele liquido viscoso era nojento. Realmente nojento. Porque não podiam ser melecados com roupas? Ainda tinha que aguentar aqueles babacas assistindo tudo e como assim peitinhos e viraria um coelho?! Ahhhhhh esse cara estaria morto quando ela saísse dali. Mesmo que ele parecesse um velho caquético ele estaria morto! Não que fosse de se jogar fora, homens fardados eram um fraco total... Mas odiava burrice e porque demorou tanto? Já imaginou? Podia ter dado umazinha antes de passar anos presa numa cápsula com aquele liquido nojento. Pelo menos ía dormir mais relaxada e contentinha. Conseguia respirar normalmente, pelo visto lembraram da asma. Pensar em tudo isso começava a fazer seu estomago queimar... Pensaram em tudo menos no anti-acido? O formigamento começava a subir pelos pés, pernas, nas regiões baixas era realmente uma sensação estranha, cruzava as pernas e as roçava tentando fazer aquilo parar. Não adiantava... As mãos seguiam o mesmo caminho, mexia os braços dentro do liquido, o apertava entre os dedos, textura interessante. Muito interessante... E o liquido subia... E tudo ficava tão mais interessante... O sono... As piscadelas dadas... Os lábios já selados pelos tubos a impediam de sentir o sabor, a visão já anuviada, ganhava tons esverdeados... Uau... Psicodélico... Seria legal lembrar disso tudo ao acordar! Uma experiência única! Como última visão teve apenas os idiotas correndo, luzes piscando... Mas a informação não chegava até seu cérebro, não conseguia processar a informação. E mergulhava no sono sem sonhos.#

[O Despertar]
#Bips... De onde vinha esse barulho? O que tava acontecendo? O frio firmava sua presença a começar pela cabeça, parecia que a hora de acordar tinha chegado! Tinha... Quem? Onde? Como? Tudo parecia lento, menos a dor... Essa chegava rápido a todos os músculos que apesar dela saber de sua existência ela nunca imaginou que doeriam tanto. Parâmetro tolerado de batimento cardíaco? Esse era mais difícil... Tentava tocar o vidro, mas as mãos não obedeciam, tremia, forçava... Medo, medo, medo... A respiração ofegava, sorte que aquelas gotinhas de berotec salvavam tudo. O liquido acabava de escorrer e não conseguia se apoiar nas pernas, caía de joelhos, o corpo não conseguia ficar ereto e lá estava ela, largada no chão toda desconjuntada. Aquilo doía... Doía de mais. E o nojo? O corpo todo parecia pegajoso. Os tubos que eram retirados, se engasgava, tossia mas pouco a pouco ficava ali mesmo paradinha. Precisava organizar os pensamentos, precisava pensar. Forçava a mente tentando lembrar dos planos para aquilo. Músculos sem funcionar, confirma. Pensamentos lentos? Erguia a vista embaçada e melecada pro chão e tudo estava escuro... Escuro... Escuro... Sem luz... Escuro... Sem luz. O raciocínio parecia lento o suficiente, confirma. Não tentava se mexer, escolhia ficar ali deitada e tentar organizar o pensamento primeiro. Começava com coisas básicas. Quem era, quem eram seus pais, onde morava, o que gostava de fazer e assim ía voltando seu raciocínio ao normal. Agora a segunda parte do plano, a fala. Nem começava a falar frases complexas, começava pelo básico.#

- A... B... C... D... [...] Y... Z... [...] A... D...
- Ba... Be... Bi... Bo...
- Ta... To... Tu...
- Za... Ze... Zi...
- O ra..rra...raa..t..ra..ratt...rato! #Alguns longos minutos depois.# - O Rato roeu... A roupa do rei de Roma! #Fala, confere! Lerda mas confere.#

#Sucesso! Começava a ter sucesso! Os olhos permaneciam fechados para poupá-la de qualquer distração. Mas como assim distração? Não deveria ter uma equipe de médicos treinados ali pra ajudá-los a se restabelecer?! Abria os olhos e tudo estava vazio! Como assim vazio?! Cadê os médicos?! E porque tudo parecia tão sujo?! E abandonado? As coisas tinham dado errado! Precisava fazer alguma coisa. Com dificuldade começava a erguer o corpo e ficar sentada. Olhava pros pés e pronunciava.#

- Agora, mecha o seu dedão. #Okay foi impossível não soltar uma risadinha com isso. Começava a mexer devagar os pés e pernas, as mãos... O pescoço... Os ombros... Parte a parte os músculos pareciam ter consciência de suas funções. Ainda sentada rebolava os quadris esfregando a bunda no chão da cápsula e tudo parecia encaixado. Começar fase dois, ía ficando de pé, se apoiando nas paredes de vidro mesmo que escorregasse e lá ía a bunda carimbar o chão de novo. Nova tentativa! E depois de algum tempo ela estava de pé, apoiava as palmas da mão no vidro e forçava um pouco, a transparência suja abria e que cheiro era esse? Tudo parecia mesmo abandonado. E estava nua e frio, o queixo batia... Descia da cápsula e olhava em volta. Lá estava um armário codificado e esperava que as roupas e as bombinhas que mandara colocar estivesse lá dentro. Andava olhando em volta e olhava uma toalha imunda... Que escolha tinha? Por enquanto só essa. Sacudia o tecido longe do rosto várias e várias vezes até se sentir satisfeita com a mínima quantidade de poeira no tecido. Passava no rosto tirando o excesso da gosma e pelo corpo, próximo passo? Envolver a toalha no corpo escondendo suas partes íntimas. Estava acordada e consciente. Agora cadê o resto?!#

Os pés de Zoe tocavam o chão e eram feridos por pedregulhos, e vidros partidos. Havia ao redor apenas o silencio e a destruição. A sala era porcamente iluminada por lampadas que estalavam como se pudessem estourar a qualquer segundo. No pescoço da mulher havia uma credencial com um codigo de barras e uma numeração igual a que existia na porta do armario metalico e no cofre ao lado da capsula. Haviam espalhados pelo chão algumas folhas de papel queimados, Os medicos, os militares, ninguem se encontrava presente. Zoe podia escutar um ruido. Pareciam ter vindo da sala da frente a sua. Ruidos fortes como se batessem contra o vidro e o metal.. um grito descoordenado que parecia vir da mesma direção e então silenciava-se.

- Tudo vai dar certo... É... Estamos nos certificando de tudo... #Ela falava irritada imitando a voz de alguém que estava em sua mente.#

- É eu to vendo o tudo bem agora! #Okay, mal tinha acordado no caos e já estava falando sozinha. Ótimo começo. Maneava a cabeça em forma negativa, reprovando o próprio gesto. Aquelas pinicadas e ardores em seus pés. Malditos cacos. Sentava na barra da sua antiga cela gosmenta e retirava com cuidado. Nada grave. Mas era melhor tomar mais cuidado. Olhava pro treco gelado entre seus peitos.#

- Valeu a ajuda heim?! #Tinha que parar de falar sozinha. Barulhos e barulhos, outros pareciam estar acordando! Então os médicos podiam não ter chegado na sua câmara ainda! Isso isso! Estavam perto e ela só acordou primeiro. E que grito foi esse? Okay, nada bom. O armário ficaria pra depois, afinal ele não saíria dali. Começava a andar na ponta dos pés, com cuidado onde pisava, já bastava os cortes que havia ganho. E a porta pra outra câmara parecia travada... Também, tanto tempo assim parado. Começava a forçar e forçar a passagem.#

- Alooooooooooooooooow.... Alguééééééééémmmmm???? #Falar alto ajudaria? Gritar não era muito recomendado com as pregas vocais ainda desacostumadas. Ía aumentando o tom enquanto continuava a bater sem muita força na porta e forçando a abertura da mesma.#

Zoe caminhava pelo corredor. A visão ainda era mais devastadora. Manchas escuras cobriam todo o perimetro, haviam carcaças do que deveriam ser seres humanos. Ossadas, poeira, pedras, vidros. Espahados por todo o corredor. A luz que continuava a piscar como se pudesse apagar a qualquer segundo ou estourar os cabos elétricos. Os pés machucados deixavam o rastro de sangue pelo chão quando pisava. Ao fim do corredor havia apenas o breu, provavelmente o caminho que dava acesso as escadarias. Ela encontrava a porta de metal emperrado e a voz que vinha ali de dentro parecia ainda mais alta.

Re: Capsula nº 685-T 99 - Subsolo 7 - Nathaniel O'Brien
"- AQUI!! ESTOU TRA.. TRAN.. TRA.. - respirava buscando acalmar a mente, a respiração e o retumbar da cabeça.. crispava o rosto apertando a tempora - Merda.. - precisava dos comprimidos. - ESTOU TRANCADO AQUI!"

Ela ainda tentava abrir a porta, quando em meio a escuridão, um par de olhos vermelhos poderiam ser vistos. Um cheiro forte e citrico, como o de suor se espalhava. O respirar forte tambem era escutado. E vinha da parte escura do corredor. Então o guinchar. Alto.. que ecoava por toda a estrutura. Chegaria ao terreo, pela intensidade, partindo vidros do corredor. Ele saia das sombras. Os olhos vermelhos fixos na mulher diante dele... o Guinchar novamente e as frestas de luz exibiam as presas do animal que agora saltava na direção da médica. A porta metálica cedia, enquanto o ruido das garras cravando contra o concreto e metal das paredes podia ser ouvido.

#O cheiro de putrefação inundava as suas narinas, tentava focar em outras coisas... A porca luz não ajudava, dificultava a visão enxergar algo direito. Algo parecia estranho ali... Eram... Eram... um piscar da luz e um grito.#

- CARAAAAAALHO! #Se afastava com medo ao ver o primeiro corpo decomposto, olhava em volta e tinha mais... Mais corpos! Agora ela sabia onde os médicos e soldados foram parar. Mas o que diabos tinha acontecido? Breu, isso ajudava muito! O que aconteceu com as luzes de emergência que funcionariam por anos? Ah é... Sem manutenção ou alguém pra liga-las nada funcionava por anos... Mas quanto tempo fazia que isso tinha acontecido? Talvez se olhasse um dos corpos mais de perto... E ouvia a voz masculina, alguém trancado, mas na capsula ou atrás da porta? Colava o ouvido no metal frio e a voz parecia longe de mais pra estar forçando a porta.#

- Caaalmaaaa!!! Eu vou tentar abrir a porta!!! #Força Zoe força!!! Nunca fora boa nisso mas algum jeito tinha que dá. Puxava e empurrava a porta tentando forçar a ferrugem a ceder. Cheiro de suor só pra se juntar ao já muito fétidos ali. Presumia que o dono da voz não tomava banho a séculos. Só depois do cheiro é que conseguia ver os olhos... Vermelhos? FU! O capeta subira! Respiração e aquele guinchar... Precisou levar as mãos aos ouvidos desacostumados a sons naquela frequencia pra poder suportar.#

- Mas que diabus é isso? #Conseguia ver o animal, as presas... Um lagarto superdesenvolvido e entupido de anabolisantes que parecia faminto e Zoe era o prato principal?!# - Anda... Anda... Andaaaa!!! #Forçava a porta com mais desespero, o bicho ía atacar.# - Puta que pareo abre logo!!! #Forçava e forçava e finalmente a porta cedia, bem a tempo do animal passar direto e ela entrar na câmara. A porta, claro era fechada de novo e ela ficava ali encostada como se segurasse o metal. Respirava em lufadas violentas. Precisava ficar calma... Calma muito calma. O ar estava entrando... Tinha ar ali daria tudo certo.#

[Na câmara do Nath *saca a intimidade*]
#E lá estava a morena dentro da câmara, enrolada numa toalha imunda, ainda cheia da gosma e em aparente desespero com o que estava do outro lado da porta. Só pra piorar ela começava a falar sozinha.#
- Isso foi... Isso foi bizarro... Mas que diabus era aquilo? Não faço a menor ideia!!! Ai bosta... Sabia que devia ter feito isso primeiro! Sabia que não podia ter confiado neles... Eu sabia!!! #As mãos ainda empurravam a porta a mantendo fechada, mesmo que ela já estivesse fechada e selada novamente. Instinto humano...#

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#O armário era retirado e ela já saltava pra trás dele, a lanterna ligada e apontada diretamente pra saída da porta# - Sempre pronta... #Respirava fundo e a porta era aberta e... E...# - Cadê ele? #Falava baixo evitando qualquer coisa que pudesse levar o monstrengo a acertar o pescoço dela. Depois disso ela nem falava, apontava o caminho com a luz, movendo a lanterna de forma que o feixe de luz mostrasse a direção. Com alívio via a porta da sua câmara se aproximando e ao ver a passagem aberta ela já entrava e iluminava vários pontos do lugar como se procurasse por outro animal.#

- É é... Sou eu... #Nem se demorava muito, apoiava a lanterna na mesa e puxava os cartões de identificação, digitava a senha e abria... E o que tinha dentro? Roupas, as comidas em pó e analisava de vagar o conteúdo da coisa e colocava tudo dentro da mochila, deixando uma muda de roupa do lado de fora.(n sei o conteúdo)#

Saiam pela porta e não havia nada.. nenhum sinal do tal animal de quem ela se defendera. Seguiam passo a passo rente a luz da lanterna que ajudava a guiar os passos. Os olhos cinzas de Nate seguiam na direção que ela apontava. Entravam na sala e ele se colocava a olhar ao redor. A Doze destravada e em posição. Olhava ao redor, nenhum sinal de animal estranho algum.. Ela se trocava, os olhos corriam rapidos por ela e voltavam-se para fora. Ouvia novos guinchares.

- Ele subiu.. Se apresse doutora.. vou tentar tirar a gente daqui...

Ajudava ela a retirar o que fosse possivel, pegar água e mantimentos, alem dos equipamentos. A cabeça ainda estava anestesiada.. os remedios nao surtiam efeito.. Nem mesmo os chicletes de nicotina serviam mais. Pelos deuses o que ele nao daria por um bom maço de cigarro e uma garrafa de vodka!? Certificva-se de que ela havia recolhido tudo que queria do cofre e então a puxava pelo braço para que pudessem sair dali..

- Vamos dout.. - ele parava os passos no corredor.. o cheiro e a fumaça que entravam pelos dutos de ventilação nao eram um bom sinal. - Fogo? Não falta mais nada..

Fogo.. fumaça.. nao seriam um bom sinal para o problema respiratorio de Zoe.. Ele a puxava ainda assim. precisavam sair dali antes que o tal lagarto supercrescido voltasse para brincar de pique novamente.. rasgava a manga da camisa que usava, e dava uma para ela.. a outra fazia uma mascara no proprio rosto para ajudar a diminuir a fumaça enquanto seguiam andares acima.